quinta-feira, 18 de junho de 2009

Droga

O desporto é uma droga, a felicidade também, os desejos são outra droga e a própria droga é droga também.

Nós somos todos uns viciados que aniquilamos a consciência a cada dia, uns fazem-no com família ou hobbies e outros fazem-no com seringas e agulhas, é a mesma coisa…

Droga não, faz mal. Desporto sim, faz bem. Mas qual é a diferença? São dois vícios equitativamente hediondos. É assim tão relevante que um seja punido por lei e que outro preserve o corpo tão saudavelmente como o formol o faria? A legalidade é apenas o mínimo da vida civilizada, há muito para além disso.

A verdade é que vivemos a vida demasiado à superfície, e fazemo-lo por conveniência. E quem se importa com isso? Ninguém.

Uns dizem que têm Deus e têm-no porque nisso crêem, abandonando-se à sombra da ignorância dos dogmas.

Outros têm música, e para onde quer que olhem, fitam apenas claves e colcheias. Não digo que seja mau, estas são, na realidade, mais bonitas que muita gente. Mas é o mundo que essas pessoas vêem? Não, é apenas aquilo que elas querem ver no mundo. E, isto se aplica aos demais.

Menos cobardes são os drogados que assumem a priori aquilo que não querem ver! E de exemplo em exemplo podia perder o dia inteiro…

Em suma: somos uns falsos que nos vamos arrastando por aí. Todos mentimos aos outros e a nós próprios. Tudo isto porque, mesmo tendo consciência disso, recusamo-nos a crer que simplesmente “não vale a pena correr para Nada”!



PS.: Legalize The Weed

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sábado, 13 de junho de 2009

Artistas do nosso concelho...

Álvaro Monteiro desenvolve trabalhos em cerâmica, fotografia, pintura, retratos e desenho civil.


Rui Monteiro é designer multimédia e artista plático.


Will e Frenk são aerógrafos.


Eduardo Gil trabalha como designer e ilustrador, cenógrafo e professor de expressões artísticas.


José Carlos Marques trabalha em escultura e pintura.







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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Metafísica, para além do Físico

Estamos numa época que ignora a grandeza e a sua miséria da metafísica. Sua grandeza: ser sabedoria. Sua miséria: ser ciência humana.

A metafísica nomeia a Deus na sua grandeza. Mas não por seu nome, aliás, ela, tal como Deus, não se descreve num termo. Assim como Jacó, pela manhã, interrogou ao Anjo: “Diz-me como te chamas?”, ouviu a seguinte resposta: “Por que perguntas meu nome?”[1] “É impossível pronunciar este nome verdadeiramente admirável, posto acima de todo e qualquer nome pronunciado, tanto no século presente como no século vindouro”[2].


Mas porquê falar da metafísica?

Não tenho o objectivo de descrever textos clássicos. Falo de metafísica pois esta é, e perdoe-me se cito Aristóteles, “inútil”. E inútil porque é supra-útil. Isto é, ela não serve para nada porque está acima de qualquer servidão.

Hoje em dia valoramos ciências e tecnologias capazes de tornar a vida mais confortável. Caminhamos rumo a uma qualidade de vida crescente.

Falo da metafísica porque apenas ela pode contrariar o facto de estarmos estamos dependentes de bens materiais que se vão confundindo com bens essenciais.

Qual é a relação entre a metafísica e os bens materiais?

Os bens materiais cegam-nos mais que os nossos próprios sentidos, temos necessidade de ir para além do físico sempre que procuremos a verdade da inverosimilhança da vida. É isto que as religiões propõem, é isto que a filosofia propõe.

O ser humano entra em contacto com o mundo através dos sentidos, que, na realidade, se resumem a músculos e nervos irrigados por sangue. Quero com isto dizer que a única forma de que dispomos de interagir com o mundo é através de órgãos que não passam de carne humana e, como tal, pó vivo.

O mundo é algo demasiado vasto e demasiado desconhecido, e o Homem tenta descobrir e compreender todos os mistérios que este encerra. Sendo que, nesta jornada, aliamo-nos a ciências que nos servem e fórmulas que nos mentem.

A metafísica é a tentativa de compreender o mundo que não depende do valor que lhe demos para existir, contrariamente) a futilidades materiais que nos entorpecem, tornando-nos inertes e apáticos, camuflando a Terra, mais verde e florida que tudo isso.

Sei que (caso ainda estejam a ler) o ser humano não se tem saído nada mal com as supostas “ciências que nos servem e as fórmulas que nos mentem”.

De facto. Mas neste momento há a necessidade de distinguir várias posições que assumimos ao longo da vida.

Apenas defendo piamente uma coisa: o ser humano tem tanta, ou maior, necessidade de encontrar verdades que sirva, do que verdades que o sirvam. Todavia, sem querer entrar em subjectividades, pretendo apenas realçar uma única questão: nos dias de hoje apoderou-se das nossas consciências, o conforto e a velocidade são essenciais para a qualidade de vida. Não tenciono fundamentar uma opinião contra ou a favor disto, limito-me a confessar a minha angústia quando vejo a medicina a retardar a morte de cadáveres vivos em vez de se limitar a prolongar a vida, tenho náuseas quando se reduz a vida a coisas que têm apenas valor simbólico como o dinheiro e outros bens que se destroem como duas faíscas, e isto é sacrilégio.

Em plena crise de valores no mundo de ideologias ocas que não valem mais que o dinheiro, quando o objectivo da vida é naturalmente confessado: o lucro; concluo que as verdades que nos servem promoveram que as pessoas se abandonassem a cada passo numa vida em que o desinteresse pelo ser é completo.

As palavras são pedras, a felicidade é falsa, a mentira e a inconsciência são o desejo de todos aqueles que se atrevem a ver o mundo que nos rodeia. A vida é ridícula porque a morte a torna inútil. Andamos todos perdidos, o ter supera o ser. E, no meio de tudo isto é possível encontrar uma ilha de resistência: a metafísica, que procura o imaterial e o verdadeiro.

A realidade é que os olhos não servem para ver, os sentimentos são abstractos e voláteis, assim como tudo o que tem real interesse. Falo de metafísica, porque procura o significado das coisas, falo dela e não de surrealismo, porque procura consciência. Falo dela porque as pessoas abandonam a consciência do mundo, porque a verdade de tudo quanto é humano é simplesmente demasiado doloroso.

Para vós, mais cépticos, que não crêem que haja algo que se entenda para além do físico e do material, termino com o exemplo: jamais poderemos considerar que uma prostituta, no exercício das suas funções, se encontra no mesmo patamar sentimental e amoroso, que uma rapariga apaixonada aquando da primeira vez que experimenta os prazeres do sexo. Apesar de ambas experimentarem um orgasmo, apesar de ambas retirarem prazer do acto sexual, apesar da resposta corporal ser a mesma, há algo que transcende tudo isso e que vai para além do físico.

Conseguem vós, seres presentes, compreender a importância de experimentar o mundo com horror de nos afogarmos em avenidas negras, rodeadas de betão?


“Come chocolates, pequena;

Come chocolates,

Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.

Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.

Come, pequena suja, come!

Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!

Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,

Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.”

in Tabacaria, Álvaro de Campos



[1] Gên. 32, 29.

[2] DIONÍSIO, De Divinis Nominibus, I, 6 (lição 3 de Santo Tomás. Cf. São Paulo, Efés. 1, 21).

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Estaremos na Rota certa?

As opiniões divergem. A verdade é que, mesmo não concordando, deixámos de fazer parte da Rota de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), actualmente designada por Pólo de Desenvolvimento Turístico da Serra da Estrela (PDTSE).

A mudança da RTSE para a Região de Turismo do Centro não é assim tão linear, visto que agora tudo se divide em NUT’S, ou seja, agora todo o Portugal continental pertence à NUT I, que se divide em sete sub-regiões, e a estas chamamos NUT’S II. Dentro destas pertencemos à NUT II Centro e, ainda dentro desta, fazemos parte do Pinhal Interior Norte que é umas das NUT’S III. Aí encontraremos Oliveira do Hospital. A Serra da Estrela, neste momento também pertence à NUT II Centro, mas a NUT III é ela própria. Conclui-se assim que, numa trapalhada de NUT’S.

Será isto benéfico para o concelho? Como toda a população, diria que não!

Outra questão será o significado de feiras como a Feira do Queijo da Serra da Estrela, entre outras, visto que agora já não pertencemos à RTSE ou PDTSE.

Regressando ao facto desta mudança ser positiva ou negativa para OHP, o próprio Presidente da PDTSE, Jorge Patrão, numa entrevista prestada ao Correio da Beira Serra, ainda antes da nossa saída da RTSE, afirmou que a eventual saída de OHP da RTSE provocaria prejuízos para o concelho e empobreceria a mesma!

Através de artigos já publicados conclui-se que houve indignação por parte de alguns membros de partidos, como por exemplo, o líder do PSD em OHP, José Carlos Mendes, que afirmou não ter dúvidas que esta saída é penalizadora para o desenvolvimento turístico do nosso concelho. Considera que uma das principais mais-valias turísticas de OHP é a Serra da Estrela. E se me permitem: COM TODA A RAZÃO!

Os principais operadores turísticos deste concelho têm-se manifestado contra esta decisão hedionda. O administrador holandês do hotel rural Quinta da Geia, Fir Tiebout, afirmou ao Correio da Beira Serra: “esta câmara não percebe nada de turismo”, José Carlos Mendes também afirmou: “se o Presidente da Câmara tivesse tido uma postura mais colaborante, mais interventiva e procurasse consensos na defesa das políticas de turismo da agora extinta Região, com certeza que continuaríamos a fazer parte do pólo agora criado”.

Compreendem-se estas indignações porque OHP e a sua população está extremamente ligada à Serra da Estrela. Esta é algo que nos caracteriza e que nos favorece a nível comercial, gastronómico e cultural…

É difícil entender a integração na PDTSE dos concelhos de Meda, Sabugal, Figueira de Castelo Rodrigo e Fundão e, perder o concelho de OHP que está a um sopro de distância…

Agora, Jorge Patrão, demonstra-se satisfeito com as alterações, membros de partidos políticos discordam, a maioria da população não concorda e é ridículo a PDTSE ganhar quatro concelhos como Meda, Sabugal, Figueira de Castelo Rodrigo e Fundão, enquanto perde o concelho de OHP que está a um sopro de distância. Possivelmente faltou algo, ou alguém, que fizesse pressão suficiente para contrariar este absurdo…

O que agora podemos fazer é esperar e ver os resultados desta mudança… E começar a aprender com os erros…

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As escolas do nosso concelho

Como sabemos, a Escola Primária de Oliveira do Hospital está actualmente sobrelotada. Três turmas do 4º ano de escolaridade, estão neste momento a frequentar o ano escolar nas instalações da Escola Básica de Oliveira do Hospital (do Agrupamento Brás Garcia de Mascarenhas).

No sentido de obter algumas respostas relativamente a este assunto (bem como outros relativamente ao estado da educação no concelho), a Status Quo falou com a actual Vereadora da Cultura e da Educação da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, Fátima Antunes.

Para a autarquia de Oliveira do Hospital, a educação está no topo das prioridades.

Segundo a vereadora, a CMOH tem investido bastante na educação, ajudando as escolas do concelho a nível de infra-estruturas e de materiais escolares, dando destaque às novas tecnologias. Recentemente, várias escolas foram sujeitas a pequenas requalificações, a fim de melhorar o espaço físico e as condições das mesmas.

A nível das novas tecnologias, a CMOH apoiou o secundário, com a aquisição de projectores e quadros interactivos, visto que este nível de ensino explora mais e melhor este tipo de materiais.

Já no plano de actividades, a vereadora refere o apoio dado aos PAA (Plano de Actividades Anual). Neste campo, a CMOH auxilia as escolas essencialmente a nível financeiro, cedendo 6€ por aluno. Para além desta cooperação (entre a CMOH e o agrupamento de escolas), existem ainda os já conhecidos escalões A e B, para alunos com menos recursos, que contempla todos os ciclos.

Quando interrogada relativamente ao estado das escolas do município, a nível global, a vereadora respondeu: “Não posso dizer que a situação seja boa”. Mais adiantou, que a situação é razoável.

Esta situação prende-se com o facto de algumas escolas estarem em bom estado, enquanto que outras se encontram em más condições. Ainda existe em Oliveira do Hospital, escolas a precisar urgentemente de uma intervenção.

Passando das más condições para os encerramentos, Fátima Antunes revelou que existe apenas uma escola candidata ao encerramento, o estabelecimento lectivo primário de Casal De Abade. Neste momento, esta escola apenas tem oito alunos, que esperam a decisão da DREC, para serem transferidos para um estabelecimento de ensino em Lourosa, que precisa de condições para os receber, e ainda não as tem.

Para além desta situação, não existe, neste momento, mais escolas em situações instáveis, ou que corram o risco de fechar.

No que diz respeito especificamente à Escola Primária de Oliveira do Hospital, a vereadora concorda que existem alunos a mais e salas a menos, mas não considera que a escola esteja com problemas.

O 4º ano de escolaridade funcionava antigamente em sistema de desdobramento de horários, ou seja, uma turma tinha as aulas no período de manha, enquanto que a outra as tinha no horário da tarde, dando a possibilidade de duas turmas ocuparem a mesma sala, ao longo do ano.

Como a actual Vereador da Educação não vê esta prática com bons olhos, então o desdobramento de horários já não existe (sendo que agora todas as turmas têm o horário convencional), o que fez com que houvessem problemas a nível de lotação, sendo agora impossível colocar todos os alunos do ensino primário, na Escola Primária OH e assim, as três turmas do 4º ano foram remetidas para a Escola EB 2\3 de Oliveira do Hospital.

Mesmo assim, Fátima Antunes, reitera: “a Escola Primária de Oliveira do Hospital não tem problema nenhum”.

Em conversa informal com alguns pais de alunos (do 4º ano) que se encontram a frequentar as aulas na Escola EB 2\3 OH, entendeu-se que as opiniões relativamente a este assunto não são unânimes, mas existe uma grande maioria que encara esta condição com “maus olhos”. Muitas acham-no de certa forma desmotivador para os alunos que se encontram no final de um ciclo.

Contudo, ao contrário da maioria, a Sra. Vereadora entende que “os alunos se integraram muito bem” e ainda reafirma que “o agrupamento considera que foi uma mais valia”, visto que estes alunos enfrentarão melhor a próxima etapa lectiva, o quinto ano: “quem vai notar a diferença são os outros alunos das escolas do agrupamento que vão para o quinto ano e não frequentaram já o espaço.

Fátima Antunes ainda acrescenta que com a inclusão das três turmas de quarto ano num novo espaço, deu para testar e observar que também nesta cidade resulta a mistura de vários ciclos no mesmo espaço.

Para além de toda esta situação, segundo a vereação, ainda existe necessidade de aliviar a pressão que existe na EB1. Para isso, estão a ser feitas obras de requalificação e alargamento na escola primária da cidade, desde o ano lectivo passado.

Para este efeito, a CMOH utilizou uma verba disponibilizada pelo QREN a fim de edificar 3novas salas de aula, e um polivalente, com cantina incluída, a fim de dar uma melhor resposta aos alunos que frequentem a EB1.

Com isto, a vereadora adiantou ainda que “o objectivo [da construção destas novas três salas] não é que os alunos do quarto ano deixem de ir [para a EB2\3] (…) [mas sim] desanuviar um bocado a pressão que se sente nas turmas”.

Em conclusão, Fátima Antunes expressou que o número de alunos na EB1 tem vindo a diminuir, fruto das várias requalificações noutras escolas do concelho, que permitiram que os alunos fiquem na escola da sua própria freguesia.

A actual vereadora vê o futuro da educação com boa cara, adiantando que as expectativas do executivo camarário são bastante positivas e que a CMOH continuará a investir nas novas tecnologias.

No futuro veremos…

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Como é ser mulher em Oliveira do Hospital

“Bundas a subir na vida, bundas mais importantes que as suas donas” – Arnaldo Jabor

Desde que há memória as diferenças, quer a nível biológico como nível psicológico, entre o sexo feminino e masculino têm um grande peso na sociedade. Foram as diferenças que fizeram com que a mulher tenha sido inferiorizada ao ponto de não ter direitos e de ser tratada como sendo o “sexo fraco”.

No século XX avistámos a justiça que tardava em chegar: a emancipação da mulher estava às portas da sociedade. No entanto não passou de uma miragem. Contudo ainda há opiniões como a de Robespierre: “as mulheres aceitam novas ideias porque são umas ignorantes e espalham-nas facilmente porque são levianas”.

Com o passar de um século as mentalidades deviam ter mudado. A verdade é que homem e mulher são diferentes, mas um não é melhor ou maior que o outro. São apenas diferentes, e estas diferenças em nada devem impedir a igualdade de direitos!

Ouvi, há uns anos uma piada de mau gosto sobre os portugueses: “os portugueses usam bigode e batem na mulher, as portuguesas usam bigode e levam porrada do marido”… Hoje em dia, principalmente em meios pequenos, ainda se assiste a muita discriminação entre sexos. Se nos centrarmos no nosso concelho comprovamos que a mulher ainda é vista como sendo o sexo mais fraco, pior, como sendo um bem do homem. Mas será tudo isto culpa do sexo masculino? Ou caberá uma fatia dessa mesma culpa a nós mulheres?

No nosso concelho, a ideia de “a mulher casada, homem lhe basta” é seguida como directriz principal formando machistas e criando uma mulher frágil e inerte. A culpa? De ambos. Do homem porque fragiliza, e da mulher porque se deixa fragilizar. Quantas mulheres são vítimas de violência doméstica!? Quantas vivem uma tortura silenciosa!? Quantas não têm coragem de pôr termo a uma existência purgante!?

“Luísa, sobe, / sobe que sobe, / sobe a calçada. / Chegou a casa / não disse nada. / Pegou na filha, / deu-lhe a mamada; / … / desarranjada; /coseu a roupa / já remendada; / despiu-se à pressa, / desinteressada; / caiu na cama / de uma assentada; / chegou o homem, / viu-a deitada; / serviu-se dela, / não deu por nada. / Anda, Luísa. / Luísa, sobe, / sobe que sobe, / sobe a calçada...”[1]

Ser mulher em Oliveira do Hospital é ser mulher rural, que cuida da família, que limpa a casa, que tem um trabalho com menos mérito que o marido, sendo seu dever ficar em casa quando este sai. Nem outra coisa seria bem vista aos olhos de uma população parada no tempo! Mesmo aquelas que mantêm um trabalho, não devem esquecer o seu lugar. Quão triste é este país! Para sempre: manda quem pode, obedece quem deve. Estarei a mentir?? Antes estivesse…

As mentalidades são fechadas e retrógradas. Nas povoações mais afastadas a escassa informação conserva uma mulher rural que é mãe, dona de casa e um objecto de prazer sexual. Toda uma harmonia atroz que transforma uma vida numa expiação!

Num meio, onde tudo se sabe, em que a vida particular de uns é esmiuçada pelos outros, onde se vive da aparência, mais rapidamente ouvimos um comentário pejorativo em relação a uma mulher que deixou o marido, do que em relação a um marido violou o sagrado matrimónio! Ser mulher é ainda um fardo que a ignorância obriga algumas a carregar.

Poder-se-iam apostar núcleos culturais para o apoio e incentivo de mulheres críticas e corajosas. Todavia pôr-se-ia o problema: elas adeririam? Talvez preferissem espectáculos como o “pimba, pimba” do Emanuel ou o “eu gosto de mamar nos peitos da cabritinha” do Quim Barreiros…

É necessária uma abertura para a mulher empresária, para a mulher escritora, para a mulher artista! A igualdade de deveres e direitos para ambos os sexos tem de ser promovida continuamente! A passividade com que a mulher oliveirense age perante o papel de sexo fraco que lhe atribuem e que ela própria encarna é completamente hedionda! Basta de estereótipos e preconceitos! A república é uma mulher!

Abaixo os sexistas, abaixo todos os que crêem que a mulher foi criada a partir do homem! A mulher é, FELIZMENTE, diferente do homem! E o facto de não serem iguais não impede a igualdade de direitos. Justiça é tratar o que é igual de forma igual e tratar o que é diferente de forma diferente. Aceitem-no e habituem-se!



[1] Calçada de Carriche, António Gedeão

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Lá passou ouro 25 de Abril outra vez. Mas que significa isso? Recordar e afogarmo-nos na inocente nostalgia de 1974 em que pensámos ser possível iniciar uma época dourada de igualdade, fraternidade e daquela liberdade?

Caro Leitor, a esperança morreu. A verdade é que da luta e do sonho apenas resta uma nostalgia ociosa.

O alento desvaneceu-se com o contínuo descrédito dos políticos que fazem da política vida...! A verdade é que o povo é extorquido pelos seus líderes. Já grave seria este escândalo, mas a circunstância o faz maior. O povo é sereno por ser mantido numa ignorância atroz. Quando veremos nós um Portugal constituído por uma população consciente e capaz de se mobilizar!?
Espante-se: a democracia esbarrou numa cultura analfabeta, ignorante e inerte.

Passaram 35 anos e o melhor que temos é uma pseudo-democracia! A mocidade continua a arrastar-se envelhecida das secretárias para as mesas dos cafés, não há princípio que não seja desmentido, não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Perfeita e absoluta indiferença de cima a baixo, enquanto a ignóbil classe média se abate progressivamente… Eça de Queiroz! Ilustraste uma época ou previste o futuro??

Será que nós, filhos da ditosa pátria nossa amada, não podemos aspirar a um futuro melhor!? Onde está a esperança desses dias melhores que nunca virão?

Triste de Portugal por cada povo ter o governo que merece…


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FICACOL, procura-se!!!

A FICACOL era um evento realizado anualmente, em Oliveira do Hospital, no mês de Agosto. Esteve em actividade desde os anos 80 até 2001. Desde então, a conhecida Feira Industrial, Comercial, Agrícola e Cultural de Oliveira do Hospital deixou de se realizar.

O referido acontecimento era uma mais-valia, tanto para a cidade, como para o concelho em geral.

Era um evento que primava pela originalidade e que completava a agenda cultural do município.

A nível social, era conhecida por atrair turistas e visitantes de toda a parte, devido ao artesanato e gastronomia típicos da região. Era, de certa forma, o caminho mais prático e eficaz para promover o que de melhor se fazia no concelho.

Para além disto é importante não esquecer que a FICACOL contribuiu em larga escala para o desenvolvimento económico do concelho, assim como para o progresso do mesmo.

Só a camada empresarial presente no município era uma razão que justificava a efeméride. Através da feira as empresas divulgavam os seus serviços e produtos, tornando assim o seu negócio mais dinâmico e levando-o além fronteiras.

Com a extinção deste evento o concelho perdeu não só a nível económico mas também a nível cultural.

Hoje deparamo-nos com uma agenda cultural semi-preenchida e nada eclética. A FICACOL era um evento a caminhar no sentido oposto. Promovia que o concelho beneficiasse a nível social, económico e cultural.

Dado os benefícios e vantagens que a realização da feira garantia, passados 8 anos desde a última edição, continuamos a interrogar-nos pelo porquê da sua extinção.

O corredor de morte da feira começa em 2001. Foi suspensa nesse ano devido às obras no Parque do Mandanelho, local onde esta se realizava. O certo é que as obras foram dadas por concluídas e a FICACOL ficou dada como desaparecida.

O actual Presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, Mário Alves, ao ser interrogado sobre esta situação, disse singelamente: “a FICACOL faz parte do passado e nem sequer me vou pronunciar sobre isso”. É isto crível!? Claro está que não!

E espantem: “...Temos muitas e boas iniciativas no concelho”, afirmou o presidente da Câmara de Oliveira do Hospital numa reunião pública.

O que certo é que das “boas iniciativas” ainda não surgiu nenhuma que equivalesse ao extinto evento…

Hoje, com as obras do Parque do Mandanelho já concluídas, a utilização deste permanece limitada. O seu uso resume-se, pois, a eventos esporádicos e efémeros!

Com um aproveitamento tão frívolo de um espaço perfeitamente capaz de receber eventos de grande amplitude, fica no ar outra pergunta: Para quê tanto dinheiro gasto na requalificação de um espaço que cuja existência não é optimizada pela CMOH?

Como já foi referido, a FICACOL era, sem dúvida, uma mais-valia para o concelho. Complementava a agenda cultural, dava ao município a oportunidade de expor a sua imagem, através da imaginação, originalidade e singularidade do evento e desafiava positivamente a economia do concelho e de toda a região.

Por fim ficam, como sempre ficarão, algumas perguntas sem resposta. Ainda assim, num novo esforço de perceber melhor algumas questões, tentar-se-á contactar entidades responsáveis.

Resta-nos sugerir à CMOH um pouco mais de originalidade nos seus projectos futuros, não esquecendo que apenas é possível verificar evolução se a tradição estiver de mãos dadas com a inovação.

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Relgião

Será o sal que não salga, ou a terra que não se deixa salgar?

Vivemos em terras viciosas, onde o progresso tecnológico enfraquece o poder que as religiões outrora tinham. A maior paixão que o homem pode almejar, a fé, dissipa-se progressivamente entre pecados e ciências.

São várias a religiões por esse mundo fora. Todavia é possível estabelecer pontos de concordância entre todas elas. Talvez tudo o que as separa não seja maior do que aquilo que as une. Perdoe a sensatez que tenho em falta, mas como canta Gabriel o Pensador: “as orações e os deuses variam mas o alívio que eles trazem vem do mesmo lugar”.

Há muitas doutrinas e todas elas com a mesma função: impedir que a terra se corrompa. Todas elas têm função de sal, na medida em que tentam preservar este mundo que não passa de um palco de malevolência.

Porém interrogue-se: conseguem elas atingir o seu fim térreo? Quer-me parecer que não. Elas usam a ignorância que pesa sobre as almas humanas de forma a apoderarem-se delas, retiram-lhes a consciência e manipulam os seus actos. A religião impera como forma de controlar as massas.

Dir-me-á que exagero (confesso: talvez), no entanto as religiões apenas sobrevivem quando conseguem impor uma forma de pensar estável e dogmática, sendo a resposta a tudo o resto a peremptória fé. Nem de outra forma resistiriam à erosão do tempo e do falso progresso.

Rio-me ao ver as religiões perderem cada vez mais crentes para a ciência. A ciência é todo o raciocínio fundamentado e demonstrado de forma rigorosa, não deixa perguntas por responder, contrariamente às religiões. Dado que o Homem é um ser racional, naturalmente vê a ciência como sendo mais fidedigna.

O facto do sal não salgar, não impedindo que a terra se perca em vícios e pecados mortais, dificilmente se resume exclusivamente à inércia dos temperamentos humanos que parecem andar corrompidos. Aliás fundamentar tal afirmação é inconcebível. A realidade é que este apenas prefere solo firme a gelo fino. E isto, mais que lógico, é humanamente compreensível e aceitável.

Como disse Padre António Vieira, pode ser um de vários problemas (ou todos eles) a provocarem esta descrença perante o caminho da salvação: “Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhe dão, a não querem receber [coisa mais difícil de crer, como já verificámos]. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo...”[1]

Reflectindo sobre a aproximação do Homem a Deus, temos de ter em conta dois parâmetros que, não sendo únicos, serão certamente fundamentais: a redenção e a tranquilização perante a inverosimilhança da morte.

Desde logo aferimos que, em relação ao primeiro parâmetro, uma pessoa de honra e coração, que não tenha amor a coisas tão vis e precárias como haveres materiais, de uma rectidão fundamentada pelas suas acções quotidianas, não necessita de ser crente para seguir as pisadas do Bem, do amor e do perdão. Consideramos inclusive a possibilidade de atingir o perdão divino sem nunca ter orado. É realmente discutível se uma pessoa de bem, mesmo não sendo crente, estará destinada a sofrer suplícios eternos quando teve, em vida, a humildade de se arrepender por todo o mal que possa ter provocado.

No que diz respeito ao segundo parâmetro a reflexão é bem mais complexa e profunda, implicando o problema da morte, o problema de reconfortar aqueles que enfrentam a perda, a fatalidade do destino. Nas seguintes linhas permitir-me-ei a pensar o que há de pensável no impensável, já que as religiões se demitem desta obrigação da existência humana: pensar a morte.

A atitude das doutrinas é essencialmente reconfortante. Mesmo ao transtornar o crente com as penas eternas, trata-se sempre da mesma intenção: tranquilizar. O próprio tratamento dos cadáveres explica a forma como valorizamos a vida e falseamos a morte. Digo isto porque o pensar a morte é, de facto, reflectir sobre a vida, ou seja, sobre a contínua niilização desta, sobre a eterna e atroz condição do ser.

É fundamental ver o problema na sua forma básica: a nossa sociedade cristã integra os mortos de modo a tranquilizar os vivos, numa clara afirmação de que a niilização é falsa aos olhos da Igreja. Apesar de concordar que a Humanidade é, indubitavelmente, constituída mais por mortos do que por vivos, não concebo o facto de não haver horror ao cadáver que está num caixão aberto expondo os restos mortais a piedosos olhares humanos.

A realidade em questão é o culto aos mortos. Há no cristianismo toda uma necrofilia. O próprio católico é necromante, como é dito por Vladimir Jankélévitch: “o católico gosta mais de um cadáver do que de um vivo”[2].

O morto acaba por ser respeitado, não pelo que foi ou fez em vida, mas porque é, agora, um corpo inanimado. Faz sentido? Não. O ser humano tem cada vez mais dificuldade em aceitar esse algo inverosímil ao qual chamamos morte. Daí advém o respeito ao morto. Proferir certas palavras na presença do cadáver seria conspurcar a memória da pessoa que o ocupou. E pensarão muitos de vós: com efeito, assim deve ser! Pois, para vossa surpresa, discordo. Considero errado e hipócrita o facto da imagem de um indivíduo ascender a outro estatuto moral e até social. É ridículo escolher entre funerais de primeira e terceira! É ridículo tudo o que é feito para mascarar a morte, assim como usá-la para mascarar uma pessoa.

Tão grave é o escândalo mas a circunstância o faz maior…

Há toda uma espécie de religião da morte que explica muitos traços da civilização cristã: o amor da morte. Comecemos por ver os cemitérios. São os locais mais organizados de uma cidade, onde avenidas áleas se cortam em ângulos rectos, onde jazigos suportam cadáveres, que deviam estar na terra. A morte é vista, não como o fim, mas como a passagem para outro algo. Como sendo um mero passo no qual a integridade do cadáver é cada vez mais importante. “Do pó vieste e ao pó tornarás”, esta é a verdade. A preocupação de não cremar, de conservar o cadáver amortalhado, vestido num belo fato, pompa e circunstância e até uma parada musical como se tem vindo a vulgarizar num ou noutro Estado dos USA. Não é tudo isto hediondo? É óbvio sim!

A morte é contra natura. Mesmo sendo a passagem para outro mundo, amar a morte, em qualquer situação, é amar a própria negação. Ora, o amor à própria negação explica a violência, o ódio e as guerras. Todos os aspectos de selvajaria são o inverso do Cristianismo, em específico, a religião do amor, assim como sãs também o inverso do Islão. Digam isso aos homens bomba!

O Cristianismo exibe um inverso, uma face nocturna; a face oculta do cristianismo é o seu amor à morte. Ama-se a morte porque ela representa a vida. Agora sou eu quem está confuso! Aponta-se o dedo aos extremistas islâmicos que se explodem, pintando as ruas com as suas vísceras, diz-se que são loucos por colocarem o além à frente da vida terrea. Agora pergunto: não foi isto que a religião do amor pregou aquando das cruzadas? Não é isto que o cristianismo prega quando nega os prazeres carnais aos seus crentes? É claro que usar o princípio da ressurreição (ou o que lhe quiserem chamar) como forma de excluir a morte como o último fôlego do ser, transformando-a como parte intermédia da vida, continuará a haver quem se convença de que vale a pena matar e morrer.

Em suma: a débil doutrina maioritária que assombra a nossa sociedade exibe-se como forma de controlar as mentes, as consciências, isto é: a moral de todo um país. Perguntar-me-ão: se as outras são mais verdadeiras, se as outras não representam um caminho de ignorância e entorpecimento de massas? Leiam “Sidhartha”, do “Nobel” Herman Hess, e compreenderam a minha posição em relação a tudo isso.

Limito-me a concluir que o Cristianismo, mesmo quando refugiado na fé, dá azo a diferentes paradigmas paradoxais entre si.

A questão que se continuará a colocar é: será o sal que não salga, ou a terra que não se deixa salgar?

Tendo em conta que há pessoas de Bem que não vivem na sombra de doutrinas religiosas, avançarei uma resposta em tom de pergunta: qual o interesse da terra em deixar-se salgar!?

Muito sabia Padre António Vieira, que vivia eterno conflito com o Vaticano quando disse: “Deus deu aos homens o uso da razão, mas são os homens razão sem uso”. No entanto, ainda mais sabem as doutrinas quando se aproveitam disso.



[1] Sermão de S.to António (Aos Peixes) – Padre António Vieira

[2] Pensar a Morte

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Cultura

Estamos perante um população inerte e apática onde vigora a cultura da mini e do futebol. A cultura de massas impera. A heterogeneidade artística é posta de parte.

Este tipo de cultura acabou por esvaziar o conteúdo dos espectáculos e eventos artísticos, bem como a cabeça das pessoas. A atenção esvaece no trivial, supérfluo e sensacionalista. A Conformidade de opiniões e a diminuição de espírito crítico ganham raízes.

Não é dada qualquer importância ao facto das belas-artes ter a capacidade de reunir todas as dimensões humanas. Pergunto-me se a população tem consciência disso. A ignorância é soberana e o desinteresse pelas ideias é total.

Estamos soterrados pelo fútil, por tudo o que carece de sentido. Porém, sendo o objectivo reverter a actual situação, que fazer? Promover eventos culturais ou esperar que a escola dê a formação que não é dada no meio familiar?

A polémica instala-se mas nada é feito.

Sejamos sinceros… É desgastante promover eventos culturais que são continuamente desaproveitados, assim como é ridículo ter esperança que o sistema educacional vise fomentar uma mentalidade crítica, neotérica e consciente. Além de ser inútil tentar abrir os olhos às pessoas confio em Aristóteles quando diz: “nada nos indica que o ser humano goste de aprender”.

Pah, merda para isto! É deixar a população estagnar. Não vale a pena tentar lutar para que o povo tenha um fim diferente que um charco de água estagnada. É deixar apodrecer!

A solução? Dispersar e cavar!

Passo a palavra a Luís Pacheco: “Entre os canhões cavar, cavar…”

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A Humanidade é uma Farsa

O ser humano contacta com o mundo através dos sentidos, através das percepções, das imagens e das ideias. Porém, basear raciocínios e ideias em dados empíricos não é fidedigno. Por outras palavras, basear o conhecimento que se tem do mundo somente em dados captados pelos sentidos é bastante perigoso, visto que os sentidos nos podem facilmente iludir, levando-nos a crer em algo errado.

Desta forma, o Homem, ao longo do tempo foi-se apercebendo que basear ideias apenas nas informações que os sentidos transmitem é como dar passos sobre o gelo. É assim que surge a Ciência como uma das formas de procurar e encontrar justificações para que possamos realmente compreender e conhecer tudo o que está à nossa volta.

Ao longo da busca pelo conhecimento real e fundamentado apercebemo-nos que o Homem foi evoluindo. Na verdade, quanto melhor este compreendia o mundo que o rodeava, quanto melhor se compreendia a si mesmo e mais facilmente obtinha tudo o que era indispensável para a sua sobrevivência.

Foi no seguimento desta conjectura que, no século XIX em França, Auguste Comte cria um sistema filosófico designado como positivismo, o qual acreditava em “ordem e progresso”, ou seja, suponha que a evolução do Homem e da sociedade apenas seria possível num mundo visto e explicado através da ciência, em que o ser humano conseguisse controlar e utilizar tudo o que o rodeia (a Natureza) de modo a perfazer todos os seus propósitos. Supôs-se assim que a ciência seria a solução de todos os problemas do mundo, da humanidade.

Ao longo do tempo temos vindo a observar que a ciência em geral, assim como tudo o que é recorrente desta, como a tecnologia e a industrialização, não têm correspondido às expectativas iniciais, muito pelo contrário. Na realidade, apesar da ciência aproximar cada vez mais a humanidade da verdade das coisas, apenas podemos afirmar plausivelmente que, no séc. XXI, a ciência só a tem afastado do contacto e do respeito pela Natureza.

É verdade que a ciência não é responsável por todos os males da sociedade, assim como não é necessariamente o caminho abominável que conduzirá a humanidade ao seu fim. No entanto, como temos vindo a constatar, não é também a forma incontestável do Homem se realizar enquanto ser racional. A problemática da evolução científica, e a forma como ela faz o Homem ver as coisas é, de facto, incessante. Apesar de variar com cada paradigma e, consequentemente, com cada período histórico.

Além disso, podemos afirmar que a cada período histórico está associado mais do que a um simples paradigma científico, está associado a uma doutrina. Ou seja, está associado um conjunto de valores morais que influenciam directamente o modo de agir da sociedade de então e, por consequência, a forma de impulsionar a ciência. Note-se: enquanto a civilização chinesa progredia em conformidade com os valores morais defendidos pelo confucionismo, a ciência era desenvolvida numa tentativa uniforme de melhoria das condições sociais, assim como respeitando estritamente a natureza. No entanto, hoje em dia, após a Revolução Cultural Chinesa, e o consequente abandono do confucionismo de então, apuramos que os valores da doutrina em questão (similares aos humanitaristas) foram quase por completo suprimidos, tendo passado a predominar os valores de uma sociedade capitalista e desumana.

Observamos da presente forma que, caso a ciência seja incapaz de ser desenvolvida respeitando o humanitarismo, não nos distanciará dos restantes animais, mas apenas nos igualará a estes. Apesar de se tratar de uma afirmação extravagante, depois de todos os pontos analisados até agora, não se pode considerar completamente desprovida de lógica.

A “ciência pode ser utilizada para multiplicar a arte do Homem pela arte de Deus”[1] -, todavia, para tal é necessário humanizá-la, torná-la mais humana, digna de sentimentos que supostamente apenas pertencem à nossa espécie, em suma: fazê-la vir à razão.

Não obstante, é a ciência, a tecnologia e a industrialização que permite «Massas de operários que se apinham nas fábricas onde se organizam como soldados. Simples soldados da indústria, postos sob vigilância de uma completa hierarquia de oficiais, suboficiais e subalternos. Não são apenas os escravos da sociedade moderna burguesa, do Estado burguês. Dia a dia, hora a hora, sofrem o jugo da máquina, do contramestre e, antes de tudo, dos próprios fabricantes burgueses. Despotismo tanto mais mesquinho (…) quanto o seu objectivo, sonoramente confessado é o lucro.»[2].

No entanto ela assim permanece, como uma pseudo-arte com a qual o Homem ainda não sabe lidar.

Concluindo, podemos afirmar plausível e coerentemente que, se a humanidade não é uma farsa, então é apenas o humanitarismo civilizacional que carece de uma profunda humanização.



[1] Discurso efectuado por Lamartine, na Academia de Macon, em 12 de Setembro de 1842;

[2] Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto do Partido Comunista, Coimbra, Ed. Centelha, col. Textos do Nosso Tempo, 17, 1974.

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Áqueles que têm o poder de fazer algo...

Oliveira do Hospital, Presente, 2009

Àqueles que têm o poder de fazer algo…


Venho por este meio informar que Oliveira do Hospital precisa urgentemente de modernizar e revitalizar a actividade industrial e comercial. Era útil que fossem promovidas acções de apoio e incentivo ao comércio independente, ou, quem sabe, até mesmo criar empresas municipais.
A verdade é que têm sido rejeitadas oportunidades de fixação de empresas independentes, que certamente iriam criar postos de emprego e consequentemente desenvolver o poder de compra, assim como incentivar a população a fixar-se em OHP.
Em suma: a implantação destas empresas é fulcral para o desenvolvimento e estatuto da cidade.
Se actualmente temos falta de emprego e a câmara queixa-se que não tem verbas, então porque não criar empresas municipais? Sim, porque isto seria uma resposta exequível a muitos dos presentes e futuros problemas. A aposta em empresas municipais não só criaria postos de trabalho, como poderia ir no sentido de incentivar a animação cultural. Além disso, criar receitas permite à câmara municipal suspender a desculpa de “falta de verba”. Parece um pouco descabido que ainda ninguém se tenha lembrado de algo tão simples.
Para os mais cépticos, um exemplo em empresas municipais está mesmo ali ao lado: Seia. Este município tem lucrado bastante a todos os níveis através da EMCR (Empresa Municipal de Cultura e Recreio de Seia).
Deste modo apelo ao bom senso daqueles que têm o poder de fazer algo em prol do nosso concelho. Afinal de contas a luta que todos travamos tem como único objectivo melhorar a qualidade de vida da nossa população.


Alguém Atento…

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RVCC

Nos últimos anos tornou-se comum ouvir falar de RVCC - Reconhecimento, validação e certificação de competências. Do Governo da República ao comum dos cidadãos esta é apresentada como uma grande novidade no campo da educação, qual “ovo de Colombo” descoberto para resolver a nosso semi-analfabetismo, a nossa tão falada iliteracia. O slogan que se ouve nos meios de comunicação é: “Aprender compensa.”
Aos milhares, como reitera, quase todos os dias, o Sr. Primeiro-Ministro, os portugueses estão a voltar à escola, as suas competências estão a ser certificadas, os cidadãos, agora novamente alunos, dos Centros de Novas Oportunidades, estão a sair ao fim de alguns meses com o certificado de equivalência do 9º Ano ou do 12º Ano.
Parece-nos que a ideia que subjaz às Novas Oportunidades é, no seu âmago, correcta, aliás, ela foi importada do Norte da Europa, de onde nos vêm os bons exemplos no campo educacional, dizem-nos os pedagogos, analistas e políticos. No entanto, e para começar, não podemos comparar o grau de instrução e de conhecimentos da nossa sociedade com os nórdicos.
Todos sabemos, antes não soubéssemos, como a nossa grave falha na instrução / na aprendizagem formal, tem raízes históricas, fundadas na debilidade económica, social e cultural. Se a Primeira República tentou implementar as medidas no campo educativo que permitiriam pôr fim a mais de 70% de analfabetismo, em 1926 iniciou-se um período ditatorial que só terminou em 1974 e que negligenciou a educação. Os nossos pais herdaram a incipiente cartilha da educação salazarista e, numa ânsia de liberdade, lutaram mais pelo pão do que pela educação. Esta, continuou a ser, nas décadas subsequentes à revolução dos cravos mais uma miragem do que uma realidade para todos. O material imperou, a escolaridade não foi valorizada pela sociedade e também não foi decisivamente impulsionada pelos governantes democráticos.
Chegados ao século XXI, eis-nos enredados numa teia complexa de reformas educativas experimentadas, retalhadas, reformuladas e fracassadas, sucessivamente levadas a cabo pelos vários Ministérios da Educação, da esquerda à direita...
Consequentemente, estamos na cauda da Europa civilizada, com índices de escolaridade, de instrução e de educação muito superiores aos nossos. Os dados fornecidos pela OCDE provam-no.
Os nossos governantes actuais esquecem-se, no entanto, que essa caminhada da Europa desenvolvida tem séculos de investimento sério no sistema educativo. Temos um longo caminho a percorrer se queremos o trabalho bem feito… Precisamos de políticas educativas coerentes, sérias, feitas com adequação à nossa sociedade e ao nosso “modus vivendi”.
Esta proposta, baptizada de Novas Oportunidades, é na prática uma hedionda trama para fazer de conta que em (poucos) meses se aprende o que se devia aprender em doze anos de escolaridade. Afinal, é preciso dizer “o rei vai nu”… Como nuas vão ficar todas as pessoas que vão atrás do slogan apelativo inventado ou perpetrado por políticos pouco sérios.
Validem-se competências sim quando elas existem… mas não se inventem “passes de mágica” para dar a aprendizagem, o conhecimento, porque, pura e simplesmente eles não existem.
Os portugueses precisam ter a noção que aprender só se faz com exigência, com sacrifício, com tempo…
Por este caminho vamos atingir patamares nunca imaginados nas estatísticas nacionais e europeias. Infelizmente, na prática só acicata o facilitismo, a incompetência, a ignorância.
Sejamos honestos e exijamos o que é nosso direito ter: educação séria e políticos sérios rumo a um país que queremos desenvolvido.

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Em diálogo

Vivemos tempos de crise em que a recessão se apodera da bolsa e em que a economia vacila entre o precipício e o abismo, contudo a crise não é só económica. A crise de valores tanto é a mais problemática como é a que se arrasta há mais tempo.
Não há nenhuma solidariedade ou fraternidade entre os cidadãos, todos eles esperam a graça divina enquanto se deixam comandar como triste rebanho subserviente. Toda a vida intelectual, todo o dinamismo humano, paralisado. Ninguém se interessa, ninguém tem esperança, a guerra entre Deus e os clisteres dilata-se, tentando um arrebanhar mais fiéis que o outro.
A preguiça e o comodismo não levam este país e, nomeadamente, esta terra, a lado algum. A única coisa que continua a vingar é o consumismo. É preciso despertar, é necessário agir, é necessário mudar…
Neste âmbito foram contactados quatro cidadãos que prezam pela sua actividade política e social neste concelho, de modo a legarem o seu juízo sobre a pergunta abaixo transcrita, pedido ao qual muito pronta e amavelmente acederam.

Pergunta:
“Em Oliveira do Hospital verificamos uma perfeita e absoluta indiferença em relação a tudo.
O comércio local definha, faltam incentivos e iniciativa. A cultura resume-se a teatros de revista, música popular e ciclos de cinema esporádicos e desaproveitados pela população. Apenas a cultura de massas vinga.
A nível político sofremos como qualquer meio pequeno. A prática da vida tem por única direcção a conveniência.

Peço que fundamente a sua opinião, a favor ou contra, o paradigma acima referido, apontando iniciativas que permitam a alteração do status quo.
Aponte directrizes que o executivo camarário deva seguir de modo a estabelecer um autêntico e contínuo progresso.
Como alterar a imagem interna e externa do concelho, tornando-o dinâmico e vanguardista”


Respostas Avançadas:


João Dinis, Presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca da Beira

Está correcto muito do “diagnóstico” feito. O problema é determinar as verdadeiras causas e prescrever os “remédios” mais acertados...
Bom, poderíamos começar dizendo que é a culpa é “da crise” – como agora nos dizem os governantes por tudo e por nada - resposta verdadeira mas muito insuficiente.
No plano das competências e responsabilidades da Câmara Municipal e do nosso Município, a maior tarefa é a de melhorar as infra-estruturas básicas fundamentais sobretudo aquelas que já estão degradadas como a rede pública de distribuição de água e o saneamento. Todavia, a Câmara foi “obrigada” a entrar para a empresa “Águas do Zêzere e Côa” à qual agora compete executar esses trabalhos mas que está a falhar muito, para além de ameaçar com grandes aumentos quer para o preço da água ao domicílio quer para o preço do saneamento... Ora, isto pode vir a causar sérios problemas sociais.
No plano do acompanhamento social a “carenciados”, há uma grande confusão entre várias Entidades que estão incumbidas de dar apoio a crianças, jovens e idosos mas que não se coordenam entre si para serem mais eficazes. Também por isso, gasta-se muito dinheiro público e não há os melhores resultados.
Ao mesmo tempo, o Ministério da Saúde não atribui meios financeiros e recursos humanos para se atacar a fundo o muito grave problema do alcoolismo, o da violência doméstica e também já o da droga.
Quanto à Educação e ao Ensino, regista-se um decréscimo das populações escolares. Paradoxalmente, aquela Escola que até tem aumentado o número de alunos, a ESTGOH, Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital, essa continua em instalações provisórias e acanhadas sem que o governo mande construir as novas e indispensáveis instalações para esta ESTGOH.
Se formos analisar com atenção a programação anual da Casa da Cultura César de Oliveira, teremos de reconhecer que são diversificadas as iniciativas que lá se realizam.
O problema maior é que a “televisão” puxa a “malta” para coisas fúteis. O problema é que a televisão é um venenoso meio de alienação e de intoxicação e, contra ela, a Câmara Municipal “pode pouco”...
No plano desportivo, Oliveira do Hospital não está mal, e até tem várias modalidades e muitos clubes em movimento. No plano recreativo e dos recursos naturais, temos o grave problema da poluição da águas dos Rios e, por falta de iniciativa e de apoios, não há planos inter-municipais e governamentais capazes de lhe fazer frente nos próximos anos. É preocupante.
No plano económico, a Agricultura, a Indústria e o Comércio – que vivem mesmo uma grave crise - precisam urgentemente de outras e melhores políticas, com mais e melhores apoios do governo central. De outra forma, o Concelho desertifica-se com o êxodo forçado da População (embora, hoje, também não se saiba bem para onde se possa ir...). Ora, as Pessoas são o melhor que temos em Oliveira do Hospital !
Entretanto, é natural reconhecer que, nos últimos anos, o nosso Município melhorou bastante o seu aspecto e basta olhar ao andar pela Cidade e ao circular por várias das nossas Estradas que, regra geral, estão melhores. Porém, aqui na zona urbana da Cidade, há muitos gastos desnecessários com rotundas cheias de conjuntos escultóricos ainda por cima encomendados a um só artista e sem que, previamente, tenha havido um “concurso de ideias” para se poder escolher.


António Campos, Ex. Euro-Deputado

Oliveira do Hospital é um concelho do interior, distante de qualquer pólo de desenvolvimento.
Guarda, Viseu ou Coimbra encontram-se a cerca de 80 Kms de distância.
O concelho é caracterizado pelo envelhecimento da sua população e concentração crescente da mesma na cidade.
Mantêm características muito acentuadas de ruralidade que é bem visível ao fim de semana com o despovoamento da cidade para as aldeias.
Mantêm um nível de vida estável dado o elevado emprego feminino, ligado principalmente às confecções.
Tem fraco emprego qualificado e são raros os jovens com formação superior que se conseguem realizar no concelho.
Essa cultura rural, sem grupos altamente qualificados, torna-o um concelho politicamente conservador, avesso à discussão, à reflexão e às mudanças que marcam as sociedades modernas.
É muito difícil a mobilização para a participação cívica e nem o futebol a consegue despertar.
As freguesias vivem à volta das suas associações que acima de tudo são centros de convívio, com excepções para as poucas que dinamizam bandas, tunas e ranchos, aliás ligadas à sua ruralidade.
As pessoas idosas e as crianças são o principal problema social no concelho.
A rede de lares e creches tem evoluído mas as carências para os idosos vão-se acentuando.
A mobilização à volta da cultura é o esforço de um pequeno grupo ligado à associação cultural OH.s XXI que não tem conseguido vencer o alheamento instalado.
A criação de um grande espaço, ligado ao convívio, à cultura e à leitura, seria a forma de inverter esta alienação individualista a que o concelho se resignou.
Com a implementação do Ensino Superior no concelho há um esforço a fazer, que é o de integrar essa comunidade na vida local e a forma ideal é pela cultura, convívio e leitura.
Tão importante como as vias de comunicação para ultrapassar o isolamento do concelho é dar vida à comunidade.
As sociedades informadas e actualizadas no tempo em que vivem são sem dúvida a melhor forma de as preparar para enfrentarem o futuro com êxito.


Luís Lagos, Jurista

Não podia estar mais de acordo com a análise que a pergunta incorpora. De facto, com grande pena minha ao afirmá-lo, mas com a certeza que o sentir geral o confirma, o concelho mingua, definha e decresce em quase todas as áreas.
Não tenho dúvidas que muita da responsabilidade dessa estagnação e inércia cabe aos responsáveis políticos locais, independentemente da sua filiação partidária. Digo mesmo que cabe a todos. A uns porque, tendo a responsabilidade de governar, nunca souberam criar condições para o aparecimento do concelho com que todos sonhamos, o concelho que floresce, dinamiza e lidera a região. Aos outros porque, na verdade, também nunca foram capazes, a partir da oposição, de o propor e incentivar numa lógica construtiva.
Perguntam-me medidas para alterar o status quo. Deixo antes aqui um apelo e várias sugestões, que tenho por essenciais para o nosso sucesso colectivo enquanto concelho.
Um apelo aos jovens para que se interessem mais pela actividade politica e cívica. Um apelo para que não continuem a passar “cheques em branco” à classe política e a deixar que os outros decidam por si. Um apelo para que nas associações, nas organizações de juventude, nos partidos políticos façam valer as suas sugestões e opiniões. Acredito muito que só com a participação e empenho da juventude, com a sua força regeneradora e apostando na sua irreverência e capacidade de proposta podemos ambicionar e alcançar o concelho com que todos sonhamos. Sem ela será difícil, se não impossível.
As sugestões para dinamizar e alterar a imagem do nosso concelho são, entre outras, a aposta em políticas locais de discriminação positiva para as empresas que criem postos de trabalho; a criação de áreas de localização empresarial com serviços de apoio às empresas, o aparecimento de políticas de promoção e apoio à indústria do turismo e de valorização do património; o apoio à formação dos empresários; a criação de uma Marca atractiva que identifique o concelho; medidas de apoio à fixação, à natalidade e à família como seja a concessão camarária de uma bonificação no empréstimo de compra de habitação para residência permanente; a condução do Ensino Superior local para as áreas estratégicas do desenvolvimento regional – Turismo, Produtos Tradicionais; a utilização do património ambiental enquanto bem estratégico de desenvolvimento sustentável; a criação do Bilhete de Família que concederá descontos em actividades culturais, educativas, desportivas ou recreativas promovidas directamente, ou por concessão, pelo Município, independentemente do número de elementos do agregado familiar; etc.
Mas volto a afirmar, o mais importante para que tenhamos o concelho com que sonhamos é que uma nova geração se envolva e deixe a sua marca. Que uma nova geração se empenhe e construa a mudança.



José Carlos Mendes, Professor


Ser descontente é ser homem.
Não há dúvida - Oliveira do Hospital passa por uma fase de desenvolvimento muito cinzenta. Os Oliveirenses sentem que as potencialidades da sua terra não estão a ser devidamente aproveitadas. Nota-se um desencanto generalizado. Os mais jovens e os mais insatisfeitos procuram outras paragens para concretizar os seus sonhos.
Os responsáveis por toda esta situação somos todos nós. É nosso dever, na altura própria, lutar pela alteração daquilo que consideramos que está mal e colaborarmos de uma forma empenhada na construção de um novo rumo.
Consideramos que o poder político, nomeadamente o executivo camarário, falhou redondamente na implementação de medidas que nos levassem a acompanhar o desenvolvimento verificado na maior parte dos concelhos do País.
Nunca é tarde para inflectirmos caminho. Está na hora de alterarmos este estado de coisas.
Como diz Fernando Pessoa “ Ser descontente é ser homem”. O sonho é leit motiv da vida. Tristes daqueles que se contentam em ficar sentados à lareira sem Sonhar. A insatisfação permanente e o sonho devem constituir a base do nosso dia-a-dia.
A Instituição Câmara Municipal tem de ser rapidamente humanizada.
Os Oliveirenses têm de sentir que a Instituição Câmara Municipal é de todos. Todas as pessoas têm de ser recebidas da mesma maneira. Os seus problemas têm de ser resolvidos de uma forma legal mas também célere. As suas opiniões têm de ser respeitadas e levadas em conta quando tragam uma mais valia ao projecto.
Em suma, não pode uma só pessoa definir a seu belo prazer, de uma forma prepotente e centralizadora, aquilo que considera melhor para todos nós. Não pode fazer da Câmara Municipal uma “Coutada” sua.
Apesar das grandes potencialidades do nosso concelho temos vários constrangimentos que na altura própria não soubemos ultrapassar, desperdiçando fundos comunitários e nacionais que nos permitiriam, neste momento, estar na vanguarda.
O desenvolvimento que todos ansiamos passa fundamentalmente por potenciarmos os recursos humanos e materiais que possuímos. Passa pela construção de um verdadeiro projecto de desenvolvimento onde todos os Oliveirenses se revejam e pela implementação de políticas que, de uma forma harmoniosa, permitam a sua concretização.
Um autêntico e contínuo progresso tem de assentar no projecto atrás referenciado, onde forçosamente terão de ser definidas prioridades, onde as várias áreas (social, obras públicas, cultural, desportiva, económica, educativa, associativa, etc.) se interliguem de uma forma harmoniosa, onde os investimentos públicos e privados tenham sentido de forma a trazerem mais valias para todos os Oliveirenses.
Um autêntico e contínuo progresso não pode passar por situações em que continuamos a ter pessoas sem acesso a infra-estruturas que permitam suprir as suas necessidades básicas e ao mesmo tempo estarmos a gastar fortunas em ornamentação de rotundas e em silos subterrâneos para automóveis. Como exemplo podemos referir que na Vila de Seixo da Beira existem cento e uma habitações que ainda não possuem saneamento básico.
Há que invertermos a situação congregando esforços, criando pontes de entendimento entre os principais intervenientes na vida do concelho, envolvendo todos aqueles que possam ser uma mais valia para o desenvolvimento desejado.
No entanto, é fundamental, de uma forma isenta e sistemática, proceder a uma avaliação das políticas implementadas que permita reajustar o projecto de desenvolvimento às dinâmicas previamente definidas.
Estou certo, pelo que vou sentido e ouvindo, que os Oliveirenses em Outubro próximo mediante os projectos políticos apresentados não deixarão de fazer as mudanças políticas necessárias para que todos, sem excepção, sintam que vale a pena viver em Oliveira do Hospital.

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